Sobre JOEL ZITO ARAÚJO

Homenagem ao diretor, pesquisador e roteirista Joel Zito

 

Nos últimos 10 anos, assistimos o surgimento de uma geração de cineastas negros e negras que vem dando uma nova face ao cinema brasileiro, problematizando a representação do negro nas telas, revisando o seu papel na construção de uma identidade cultural nacional, imprimindo novas estéticas e histórias. Fonte de inspiração e um dos precursores do que hoje é chamado de “cinema negro”, encontra-se o diretor, roteirista, pesquisador e escritor Joel Zito Araújo. Nascido em 1954, entre as cidades de Nanuque (MG) e Lajedão (BA), Joel Zito possui uma extensa trajetória de realização de filmes documentário e de ficção que abordam o racismo e a desigualdade entre negros e brancos.  Embora seu nome seja muito associado ao documentário Negação do Brasil (2000), que o projetou nacional e internacionalmente, este doc. pode ser considerado a culminância de questões desenvolvidas em um período anterior em que inicia seu percurso acadêmico e, paralelamente, se forma como cineasta no seio dos movimentos sindicais e sociais dos anos 80 e 90. É uma fase marcada pela militância no movimento negro que se mistura com a do Movimento de Vídeo Popular, tendo sido secretario geral da ABVP (Associação Brasileira de Vídeo Popular).
 

A partir dos anos 2000 a temática racial continua a ser abordada em ficções como Filhas do Vento (2004) e O Pai da Rita (2022), filmes que trazem personagens femininos fortes, uma constante em sua produção que traduz o comprometimento do diretor com a causa feminina. Sua pesquisa acadêmica e carreira artística também permitem que Joel construa pontes com cineastas e pesquisadores negros nos Estados Unidos e África, onde participa de festivais de cinema, tornando-se representante da América Latina na Federação Panafricana de Cineastas. Em 2019, lança Meu Amigo Fela, documentário premiado que retraça a vida do músico nigeriano Fela Kuti (1938-1997) e mais recentemente as séries PCC: Poder Secreto (2022) e Encontros com o Cinema Africano (2024).
 

Joel Zito recebe a homenagem do Visões Periféricas pela sua trajetória artística e intelectual, decisiva para a valorização da diversidade e pluralidade da população brasileira. Temos a honra de abrir o festival com a estreia carioca de seu trabalho mais recente: Brasiliana: o musical negro que apresentou o Brasil ao mundo (2024).