Há 18 anos recriando o próprio sentido do termo periferia
 

O Festival Visões Periféricas chega aos 18 anos celebrando a pluralidade no audiovisual brasileiro por meio da seleção de filmes que trazem as marcas dos territórios, das identidades e dos corpos de seus realizadores e personagens. Reflexo de mudanças sociais e econômicas dos últimos 20 anos, a produção audiovisual brasileira foi tomada por temas associados às questões raciais e de gênero, aquilo que se denominou pautas identitárias. Temas que sempre estiveram presentes em nossa cinematografia, pelo menos desde o Cinema Novo, mas que atualmente se inserem um contexto maior de políticas públicas estruturantes que viabilizaram o acesso inédito de camadas sociais à educação superior e ao mercado consumidor. A grande novidade deste processo foi a chegada de realizadores periféricos à postos chaves de criação audiovisual: direção, roteiro, edição, fotografia, edição. Algo que se deu não apenas pelo ingresso em cursos técnicos e universitários em cinema e audiovisual antes inacessíveis, mas também pelas novas formas de produção estética e comunicação que emergiram no início deste século e que colocaram em primeiro plano a relação estreita entre vida e criação audiovisual. O olhar atento sobre este vínculo é uma das marcas que fizeram do Visões Periféricas um festival referência no país. No entanto, assim como um filme é fruto da montagem de imagens e sons, um festival também é o resultado da programação de filmes, debates e oficinas. Neste sentido, o Visões Periféricas é, sobretudo, um espaço de conexão entre as diversas identidades, corpos e territórios presentes nos filmes e em sua realização. Uma conexão que se renova a cada ano e que contribui para refazer o próprio sentido do termo periferia que o Festival carrega em seu nome. É em nome dessa constante renovação e movimento que seguimos trabalhando.

 

Marcio Blanco
Coordenador do Festival Visões Periféricas